Em meio à crise econômica, as Forças Armadas foram seriamente afetadas com o corte de orçamento. Nos últimos cinco anos, houve uma redução de 44,5%, ou seja, os chamados recursos “discricionários” caíram de R$ 17,5 bilhões para R$ 9,7 bilhões. Os valores não incluem gastos obrigatórios com alimentação, salários e saúde dos militares.
De acordo com o comando das Forças Armadas, em 2017, houve um contingenciamento de 40%, o que faz com que a verba seja suficiente só até e setembro. Se caso não houver uma liberação extra, será necessário reduzir o expediente e antecipar a baixa dos recrutas. Hoje, já há substituição do quadro de efetivos por temporários, o que reduz e muito o custo previdenciário. O Alto Comando do Exército, Marinha e Aeronáutica avaliam que a situação está próxima de um “colapso”.
A Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC) do Exército, responsável em monitorar materiais explosivos, perdeu grande parte da capacidade operacional, temendo que facções criminosas como PCC e Comando Vermelho tenham mais facilidade em adquirir esses materiais. Em poucas palavras, o contingenciamento reduz a fiscalização desses explosivos que vão parar em mãos erradas.
O presidente Michel Temer disse que tomará medidas urgentes em relação ao contingenciamento. “Nós queremos devolver dinheiro, digamos assim, para os vários setores da administração e, em particular, às Forças Armadas”, afirmou Temer.
Além desse problema, a falta de recursos financeiros afetou também a vigilância das fronteiras, dos pelotões do Exército na Amazônia e a fiscalização da Marinha nos rios e da costa brasileira. Dessa forma, a Aeronáutica paralisou atividades, reduziu efetivos e extinguiu esquadrões permanentes nas bases dos Afonsos, no Rio, de Fortaleza, de Santos e de Florianópolis.
Segundo o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, os cortes “foram muito elevados, fora dos padrões”.
Por fim, ministro da Defesa, Raul Jungmann, admite que as Forças Armadas estão “no limite”, e que por enquanto, a capacidade operacional está “mantida”, mas concorda plenamente com os comandantes militares de que o setembro será o prazo máximo de recebimento destas verbas, do contrário, não será possível manter os serviços básicos das unidades. “O limite é setembro, e daí vamos ter de cuidar de reduzir efetivo, fechamento de unidades”.